
Trump e Milei
Em meio à crise mais desafiadora da economia argentina em décadas, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu o mundo ao anunciar um pacote de US$ 20 bilhões destinado a socorrer o governo de Javier Milei. A medida, classificada por analistas como “um ato político e estratégico”, reacendeu o debate sobre a influência norte-americana na América do Sul — e levantou uma questão importante: por que Trump decidiu ajudar a Argentina neste momento?

O cenário argentino: inflação, desvalorização e urgência
A Argentina enfrenta uma inflação anual acima de 150%, o peso perdeu mais da metade do seu valor em menos de um ano, e as reservas internacionais estão praticamente esgotadas. O governo de Milei tenta implantar uma política de “austeridade extrema”, cortando gastos públicos e buscando dolarizar parte da economia.
Sem reservas e com risco de colapso cambial, o país se viu sem saída — até que Trump ofereceu uma solução que muitos classificaram como “um resgate econômico disfarçado”.
O pacote de Trump: o que está incluído
O acordo anunciado prevê uma linha de swap cambial (troca de moedas) entre os Estados Unidos e a Argentina, no valor de US$ 20 bilhões. Essa medida permite que Buenos Aires use dólares americanos para estabilizar o peso e pagar importações essenciais.
Mas o ponto mais polêmico foi o condicionamento político: Trump deixou claro que o apoio financeiro dependerá da vitória de Milei e seus aliados nas próximas eleições legislativas. Caso contrário, o suporte poderá ser retirado.
Motivações políticas e estratégicas
Trump tem um relacionamento próximo com Javier Milei, a quem ele chamou de “irmão na luta pela liberdade econômica”. Ambos compartilham uma visão liberal e antiestatista, o que fortalece a conexão ideológica entre Washington e Buenos Aires.
Contudo, analistas enxergam mais do que afinidade ideológica:
👉 Trump busca reforçar a influência dos EUA na América do Sul, em um momento em que a China tem ampliado sua presença no continente.
👉 O acordo também pode reposicionar os EUA como aliados estratégicos de governos liberais, reduzindo o avanço de blocos regionais alinhados à esquerda.
As críticas e riscos do acordo
A decisão provocou reação imediata dentro e fora dos EUA. Agricultores norte-americanos protestaram contra a proposta de importar mais carne argentina, alegando concorrência desleal. Já opositores de Milei acusam o governo argentino de “vender soberania” em troca de dólares.
Economistas alertam que o pacote pode dar um alívio temporário, mas não resolve o problema estrutural da Argentina: a falta de confiança interna e o descontrole fiscal.
Um jogo de poder em andamento
A ajuda de Trump à Argentina não é apenas um gesto econômico — é um movimento geopolítico calculado, que mistura pragmatismo e ideologia. Enquanto Milei ganha fôlego para manter sua agenda de reformas, os EUA ampliam sua presença no sul do continente.
Resta saber se esse apoio bilionário será suficiente para estabilizar a economia argentina ou se será apenas mais um capítulo na longa história de crises e resgates do país.







